Sob um prisma franciscano, o curso devia tratar dos problemas mais importantes do nosso tempo.
Para atender a esta exigência, foi convidado um grande número de autoras e autores franciscanos do mundo inteiro, que dispõem não somente da necessária competência profissional, mas também de experiências concretas nos seus diversos campos de trabalho.
Hoje costuma-se falar muito de "teologia contextual". Este conceito quer ressaltar o fato de que todas as teologias em geral, inclusive a espiritualidade e a teologia franciscanas, são válidas somente dentro de contextos concretos, porque condições e tradições sociais e culturais não constituem realidades acidentais e acessórias, mas, ao contrário, determinam a teologia espiritual e essencialmente.
Desde o princípio, o curso devia ser intercultural para poder servir à Igreja em âmbito mundial.
O curso devia sair da estreiteza que costuma marcar, de maneira perigosa, lugares e continentes fechados sobre si. Imersos nos seus múltiplos trabalhos e nas preocupações cotidianas, irmãs e irmãos são confrontados, sobretudo, pelos problemas mais iminentes de sua própria situação. Nestas circunstâncias, as perguntas e problemas que afligem a humanidade em outros continentes quase não conseguem captar a sua atenção. Entretanto, seria justamente importante chegar a uma visão verdadeiramente católica e abrangente.
Para alcançar este fim, foi nomeada uma equipe intercultural, encarregada de estudar criticamente os conteúdos da versão original do CBCMF. Tratava-se, portanto, para os membros desta equipe intercultural, da tarefa de analisar e entender, assimilar e inserir na sua própria visão cultural importantes problemas que até então lhes eram alheios, para, em seguida, propor que fossem incluídos nos conteúdos do CBCMF.
Sucessivamente, a partir de 1984, esta primeira versão enriquecida do curso foi traduzida para as seguintes línguas: alemão, burmês, chinês, coreano, croato, eslovaco, espanhol, francês, húngaro, indonésio, inglês, italiano, japonês, kiswahili, português, tagalok, tcheco e urdu.
O curso devia ser interfranciscano.
Desde o início, a intenção era que os vários ramos da família franciscana teriam de ser representados nos três níveis, ou seja, entre os autores, na equipe intercultural e na equipe de redação. Este intento foi alcançado ao tratar-se das Ordens masculinas. Porém, não se conseguiu incluir, como devia, os membros das congregações femininas da Segunda e da Terceira Ordem Regular, assim como os leigos da Terceira Ordem Secular.
Em conseqüência, nota-se a dominância da Primeira Ordem na redação da versão original do curso, enquanto que a espiritualidade de Santa Clara foi, de fato, quase totalmente ignorada.
No decorrer do tempo, ficou cada vez mais evidente: Não é possível recaptar na sua íntegra o movimento religioso original que, há 800 anos, saiu de Assis para fascinar e formar milhares de pessoas através dos séculos, quando se considera unicamente a pessoa de Francisco como seu fundador. Porque, de fato, foram Francisco e Clara juntos, que deram início ao movimento franciscano. A solidariedade entre os dois é caracterizada na América Latina pela expressão "francisclareana".
Portanto, o curso quer promover a colaboração interfranciscana entre irmãs e irmãos franciscanos, assim como a cooperação com muitas outras pessoas que se sentem atraídas ou próximas do ideal franciscano. A intenção é que cresça uma família em âmbito mundial que seja capaz de viver uma profecia autenticamente franciscana em resposta aos problemas do mundo moderno.
A estrutura do curso devia obedecer a uma certa uniformidade.
Foi nomeada uma equipe de redação, encarregada de zelar para que o curso obedecesse a um certo estilo homogêneo, garantindo uma estrutura uniforme, enquanto procurava incluir nos conteúdos das várias lições as sugestões e críticas apresentadas pela equipe intercultural. Portanto, a estruturação de todas as lições seguiria o mesmo esquema:
I. Introdução:
Introduzir o tema.
II. Visão de conjunto:
Resumo da matéria apresentada.
III. Informação:
Explicitação dos vários subtemas.
IV. Exercícios:
Textos que ajudam aprofundar o conteúdo apresentado e permitem uma partilha entre os participantes do curso.
V. Aplicações:
Impulsos que animam as atividades concretas no contexto próprio de cada um.
VI. Bibliografia
VII. Legendas das ilustrações